terça-feira, 18 de agosto de 2009

CULTURA JOGADA NO LIXO

Não restam dúvidas que o maior dos criadores é Deus! Olhando toda a natureza que nos cerca e depois voltando o olhar para o espaço, não podemos nem pensar em questionar a respeito. Tudo é tão perfeito e sincronizado que não é possivel imaginar que tipo de magia a divindade usou para tudo isto. O próprio homem, criado dizem, à sua imagem e semelhança é também algo extraordinariamente formidável no entanto, repleto de falhas próprias, adquiridas ao longo desses séculos e tão mutável quanto aos mais alarmantes vírus que também habitam o planeta. Diante de tamanha perfeição, justamente o homem é quem foi criado para corroer essas maravilhas através das suas criações, todas em nome do progresso e do bem estar comum. Tudo é válido, a não ser pelo fato de que caminhamos continuamente para o caos e uma das coisas que mais produzimos é o lixo, originário de todas essas coisas que criamos para viver melhor, ganhar mais tempo e lucrar muito mais. Nosso poder criativo também não tem fronteiras, só que diferentemente de Deus, conseguimos destruir justamente aquilo tudo que Ele nos ofertou de maneira absolutamente singela. O planeta segue girando pelo Sistema Solar, em meio a Via Láctea e como se fosse um grão de areia na infinita imensidão do Universo. Nós seguimos aqui, inferiores ao grão de areia mas com poderes de destruição impensáveis. A Terra é agredida a cada segundo e a massa populacional não para de crescer, o que gera cada vez mais, problemas maiores. Mas vamos ficar apenas com o lixo neste momento afinal, o lixo incomoda muita gente e as soluções ao problema são discutidas em todas as partes sem que se possa chegar a um denominador comum. A grande verdade é que o lixo do homem é algo muito rico, porque as pessoas jogam fora muitas coisas que ainda tem valor. Os detritos em geral, bem que poderiam se transformar em adubo orgânico e as outras tranqueiras, bem selecionadas, poderiam passar por processos de reciclagem e assim, retornarem como algo novo. É evidente que em muitas partes isso já é uma realidade no entanto, muito ainda se perde nos chamados lixões. Além disso, o luxo do lixo tem, nos últimos anos, contribuido para a sobrevivência de muita gente, que de lá extrai subsídios financeiros vendendo o que encontram àqueles que juntam materiais para a reciclagem. O pior de tudo, é que muito da nossa cultura também acaba indo parar no lixo e grande parte desse material se perde para sempre. Não raro, algumas pessoas deparam com objetos que se enquadram neste aspecto e decidem, por alguma razão, guarda-los em lugar seguro. Talvez por terem gostado do que acharam, talvez por terem um pouco de conhecimento do que se trata e noutras ocasiões, porque de certo modo acreditam que aquilo pode ainda render alguns trocados. Eu mesmo já encontrei no lixo um livro que conta toda a história de São Paulo, desde os primeiros dias do século 20 até quase o seu final. Uma obra imprescindível para estudos e pesquisas que alguém um dia achou melhor atirar fora, talvez porque o pequeno livro estivesse ocupando muito espaço. E dentro desse quadro, são livros, revistas, discos de vinil, fitas cassete, miniaturas de todos os tipos, obras de arte, figurinhas, brinquedos, selos postais, moedas antigas, cartões-postais e outros tantos objetos que podem ser salvos e reutilizados. Certa ocasião li uma matéria feita por um jornal-laboratório de faculdade de jornalismo em que os alunos fizeram uma reportagem num centro de reciclagem e o que se descobriu foi uma gama de objetos curiosos e valiosos que as pessoas simplesmente jogam fora pelas razões mais diversas. Dentre elas, a maioria dos casos diz respeito a separações ou final de namoros, em que uma das partes, por raiva acaba jogando fora tudo o que possa lembrar do outro. Mas nestes casos, muitas vezes acontece uma reconciliação e daí... Pois é, lá vai o individuo correndo até os centros de seleção de recicláveis para ver se recupera o que jogou insanamente. Se aconteceu com você, então não terá sido mera coincidência... O que me levou a este relato, vamos por assim dizer, é o fato de que recentemente, vinte e cinco pinturas originais de Phil Millar, que viraram cartões postais de humor erótico ou politicamente incorretos, foram vendidas pelo equivalente a 7 mil reais num leilão, segundo o Jornal London Paper. Até aqui, nada de mais afinal, Phil Millar era um grande criador no entanto, o curioso é que essas 25 pinturas foram encontradas num saco de lixo por Des Hudd, de 69 anos e dono de uma empresa que recolhe entulho em uma caçamba na cidade de Calne, no Reino Unido. As pinturas foram encontradas em 1989 e permaneceram bem guardas, ganhando assim uma ótima valorização. Os cartões com as pinturas de Millar, que usava o pseudônimo Pedro, foram muito populares nos anos 60 e 70 porque eles tinham uma forma de humor bastante insinuante para a época. Como se observa, o lixo do homem é realmente muito rico e é uma pena que tantos valores culturais acabem se perdendo neste amontoado porque infelizmente as pessoas enjoam das coisas ou simplesmente ficam decepcionadas pela falta de reconhecimento com seus trabalhos tão originais. Sendo assim, antes de jogar fora as “coisas” que estão lhe incomodando, pense muito bem a respeito. Pode ser que você esteja jogando pequenas fortunas no lixo e além disso, se você estiver pensando em se desfazer de livros, revistas, discos e tantas outras coisas, lembre-se que estes objetos podem ser úteis para muitas pessoas. Se ainda assim for compplicado pra você, doe os livros para a biblioteca da escola mais próxima, os discos para um sebo e os brinquedos antigos para alguma criança pobre. Ela vai sorrir de alegria e você terá feito uma grande ação. Não jogue a cultura no lixo. Ninguém merece!

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