O que me deixa chateado, é que toda invenção, pela melhor das boas intenções que possa ter, acaba sendo usada para agredir, ferir e até matar outras pessoas.
Foi assim com o avião e com as pipas não é nada diferente, porque mesmo sendo um passatempo saudável, existem os que o transformam em um grande perigo.
Quem já experimentou empinar pipas sabe do que estou falando e não se trata apenas dos fios da rede elétrica, que de repente podem causar graves acidentes e até mortes. O grande vilão aqui se chama “Cerol”, que é o nome atribuído a uma mistura de cola com vidro moído que é aplicado nas linhas usadas para empinar as pipas. A função inicial é derrubar a pipa dos outros, o que já transforma a brincadeira numa espécie de guerra ou apropriação daquilo que pertence a outrem. O Cerol é um perigo para as crianças e para quem esteja próximo da sua atividade. Com elevado poder de corte, os acidentes com linhas preparadas com Cerol são incontáveis todos os anos e os danos vão de pequenos a grandes cortes e muitas mortes, principalmente de ciclistas e motociclistas que são pegos de surpresa por estas linhas que ficam à esmo em diversos lugares. Eu chamo de marginal aquele de se dispõe a preparar estas linhas, porque neste caso, o bandido sabe muito bem que pode ir muito além do que cortar a linha dos outros. Campanhas nacionais já foram desenvolvidas em torno desse tema, mas de repente essas campanhas perdem força até que uma nova vítima fatal apareça nas páginas de algum jornal. Também fico indignado em saber que coisas desse tipo acabam entrando numa espécie de normalidade que a todos assusta. Outro exemplo triste é o número de jovens que são assassinados todos os dias com extrema violência em nosso país.
Muito bem; voltando aos encantos de empinar pipas e dos terroristas que utilizam o Cerol, me junto ao deputado estadual Ney Leprevost que, em função das tantas vítimas com lesões causadas pelo uso do Cerol, decidiu propor projeto de lei proibindo a fabricação, a venda e o uso do Cerol em todo o território paranaense.
Talvez alguns achem que o deputado em referência deveria se preocupar com outras questões, porém é mais do que oportuno agir em torno desse problema que volta e meia causa novas vítimas. Na proposta de Leprevost, será aplicar aos infratores multa entre R$ 300,00 e R$ 3.000,00 a ser fixada de acordo com o risco do ato, e o material será apreendido e incinerado. O projeto salienta que o pagamento da multa e confisco do material não eximem o infrator das respectivas responsabilidades civil e penal no caso do Cerol causar danos a terceiros, ao patrimônio público ou à propriedade privada.
É primordial que pais e professores também façam sua parte. Os pais orientando e fiscalizando as ações de seus filhos e os professores, levando o tema para a sala de aula onde deverão enfatizar a arte de construir e empinar pipas e, ao mesmo tempo, alertar para os perigos das linhas da rede elétrica e que nunca se deve utilizar o Cerol.
Se você ainda duvida, entre no Google (imagens) e digite "Cerol". As imagens por lá são fortes e falam por si.
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