Quantas Aninhas já foram retratadas em contos, crônicas e muitas histórias infantis dentro do nosso contexto cultural. A minha Aninha é só mais uma dessas menininhas sapecas, criativa, que gosta de dançar, de cantar e de comer muito também. As vezes quer falar difícil e enrola a língua transformando palavras em algo muito engraçado, como dia desses em que ela foi falar “Rato Borrachudo” e lascou “ Rato Robachudo”, para diversão de quem se fazia presente. Não raro, acha tempo para imitar a Chiquinha, da turma do Chaves e ultimamente, anda que é só sorrisos largos de posse de seu tablet e de duas bonecas Monster High que exigiram grandes esforços na negociação final naquela loja que é uma tentação para qualquer criança.
Pois bem, se em nossas vidas alguma coisa marcou a infância, como um presente ou um passeio, na vida da minha Aninha, hoje com seus sete aninhos, tem algo que será inesquecível: As salamandras da Aninha!
É evidente que não se trata de salamandras vivas, até porque são mais comuns na parte norte da América do Sul para mais ao norte. Mas acontece que um dia, e eu não consegui descobrir as razões, alguém escolheu para simbolizar uma loja, os desenhos de salamandras que vieram de encontro aos olhinhos atentos dessa sapequinha da Aninha. A loja se chama Calango, e comercializa artigos esportivos. Ficava localizada na Rua Joaquim Nabuco, em direção ao centro de São José dos Pinhais, pelo menos até o inicio das obras naquele local. Hoje a loja foi para outro endereço, mas as Salamandras da Aninha ficaram conservadas naqueles desenhos estilizados na parede e no portão onde o estabelecimento funcionou. Daqueles tempos para cá, e com um parêntesis de quase um ano em função das obras, ela deixou de ver como estavam os seus “bichinhos” de estimação. Faz pouco tempo, a via foi liberada e a gente passa diariamente por ali, ocasiões em que ela define se as salamandras estão com calor ou com frio, se estão molhadas pela chuva e essas coisas da imaginação de criança com saúde. As salamandras da Aninha devem ficar ali por mais um bom tempo, assim ela espera, mas a gente sabe que um dia desses, alguém vai utilizar o local e certamente que pintará a parede e o portão, “extinguindo” aquelas salamandras que mexem ainda hoje com a imaginação da danadinha da Aninha.
Neste outubro que é o mês das crianças, nada mais oportuno do que exaltar essas “coisas de crianças”, que nos devolvem muitas vezes aos bons tempos da infância e que felizmente nos proporcionam a esperança de que, mesmo diante dessa tecnologia que aniquila “o natural”, ainda podemos cultivar os sonhos infantis, as ilusões que impulsionam a vida e o sabor da existência, até porque, se as fadas e seus contos estão fora de moda, as salamandras e as bonecas “monstrinhos” dão conta do recado. Agora Aninha, hora de brincar, depois dormir, não sem antes escovar os dentes e dai sim, deixar que os sonhos a levem para aquele mundo multicor das salamandras que, no meu entender, devem dividir interessantes espaços com aqueles gnomos que, mesmo tão pequeninos, seguem tomando conta do que nos resta de florestas. E viva a magia de ser criança!
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