quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

RELEMBRANDO VALÊNCIO XAVIER

Janela semiaberta! 
Cortina balançando com vento... 
Uma dança sem coreografia, com papéis malucos se alojando pelo chão. Na mesa, livros velhos, uma máquina de escrever (ainda) e um lápis mordiscado. A luz é fraca e ali, tudo é uma imensa penumbra que interliga dois mundos. Passado e presente confabulam apenas um instante!... Um ambiente apropriado para um sujeito que com toda certeza abriria as lentes de sua câmera para criar uma cena lúgubre de um filme triste, de uma novela ou até mesmo para documentar uma casa antiga. 
Aqui, numa dessas mesas de trabalho, alguém deixou à vista um livro chamativo: “Poty, trilhas e traços”. Ora vejam só; um livro escrito por Valêncio Xavier em 1994. Uma biografia de Poty Lazzarotto, o nosso saudoso “Mestre Poty”, que em vida se encarregou de criar em seus traços uma perfeita identidade para esta Curitiba que hoje já não tem, infelizmente, aquela dedicação pela cultura e perambula sedenta em meio aos seus zilhões de problemas... Bem; lembrar o velho amigo Valêncio Xavier dessa maneira foi por demais oportuno, até porque, em dezembro passado a data de sua morte passou desapercebida por nós e neste março que ora chega sorrateiro, poderemos reverenciar o seu nascimento num 21/03 do distante 1933. Valêncio era um cara simples, um paulista gente fina, sempre com ideias novas na cabeça, ideias e ideais de cultura pura. Ele não respirava o mesmo ar que a gente respira; ele tinha que extrair para os pulmões e para a mente aquela essência que se traduz em cultura numa nuvem, numa pedra, num fotograma ou numa folha de papel com seus escritos. Cineasta, diretor, escritor, roteirista e excelente colega de trabalho, Valêncio Xavier juntamente com Francisco Alves dos Santos criou, em 1975 a Cinemateca de Curitiba e, em seus brilhantes anos de inspiração, se tornou um Curitibano nato, nos brindando com várias publicações dentre as quais, a já citada biografia de Poty e outra que eu preservo a sete chaves intitulada “Desembrulhando as Balas Zéquinha”, de 1973, onde ele, com aquela paciência que tinha, conseguiu efetuar o melhor e mais preciso levantamento histórico a respeito desse personagem tão curitibano quanto todos aqueles, assim como eu, que vieram de fora para amar esta Cidade Sorriso como ninguém. Valêncio Xavier nos deixou aos 75 anos de idade num triste 05 de dezembro de 2008, mas graças a Deus, nos legou muito da nossa história, da nossa cultura e nossa curitibanidade, coisa que se não está no sangue por traços hereditários, se aloja pela flechada de um cupido safado, que tem a capacidade de fazer com que qualquer um, venha de onde vier, aqui chegue, se apaixone e deixe sua contribuição como um bom curitibano deve fazer.(PBJ)

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