“O futuro te espera logo ali!” – A frase ouvi algumas vezes durante minha infância, quando imaginava como seria me transformar em adulto e poder ganhar o mundo, fazer o que desejasse e por ai afora. Claro que os tempos eram outros, os costumes também.Ainda vivia-se na balada no século 20 e com todas as incertezas que o futuro esparrama diante de nossos olhos através da imaginação. Falava-se do ano 2000 e a gente achava que estava tão distante quanto distante de nós está a estrela mais próxima. Falava-se no século 21, em toda a sua tecnologia e avanços, de conquistas mirabolantes e da quase certeza de se habitar um mundo muito melhor, muito mais prático e muito mais feliz.
O que aconteceu ao longo dessa grande jornada?
Tivemos sim avanços tecnológicos e hoje se a gente não se cuidar, se transforma em um autêntico robô, ficando h
oras a fio diante do computador ou escravo de todos os aparatos eletrônicos que nos cercam.Antigamente éramos crianças até ali pelos 15 ou 16 anos quando então começava a adolescência e só virávamos adultos depois dos 21 ou 22 anos, embora ainda assim, carregássemos todo um espírito infantil.
As meninas desenvolviam-se um pouco antes, mas largavam as bonecas muito mais tarde do que em nossos dias. Recordo de uma música em cujo trecho dizia: “larga essa boneca e vem brincar de amor...” coisa muito avançada para a época e seus costumes.
Pois bem; isso tudo despencou ladeira abaixo e hoje, a meninas abandonam as bonecas entre os 5 e 8 anos de idade e já sonham em ser mulher, em amar, em curtir as chamadas delicias da vida. Toda a inocência explodiu e já não adianta a gente tentar convencer as crianças de que um bom conto de fadas é o melhor tempero para uma ótima existência.
Meninas de cinco anos já estão usando o primeiro sutiã, pintam as unhas, usam batom, cuidam dos cabelos como gente grande e arriscam se equilibrar em salto alto.
Miniaturas de mulheres que almejam a carreira de manequim, modelo ou de atriz na televisão e que disputam o melhor repertório no Iphone e que manejam o computador com uma agilidade que nos impressiona. Ali, diante da tela e com dedinhos ágeis no teclado, embarcam nos bate-papos, nas redes sociais trocando informações do seu mundo e deixando de lado todo um universo mágico de verdade em troca de toda uma ilusão que se espera, não tenha causas tão graves em sua linha do tempo.
Evidente que o tema é delica
do e complexo e fica aos encargos de especialistas como Lais Fontenelle, coordenadora do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos, que cuida do direito das crianças e dos adolescentes e suas relações de consumo. Ela vai falar sobre a adultização infantil no Programa Fala Sério, comandado pela jornalista Salette Lemos na noite desta segunda-feira, dia 16/05 com inicio às 23 horas pela Rede CNT de Televisão. A entrevista é imperdível!
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