Ela é senhora-menina encantadora!
Minha Terra da Luz sempre tão iluminada pelo astro rei, moldando peles variadas, dando aquele toque especial a todos os belos cenários que a natureza, por aqui tão pródiga, tratou de esculpir para posteriormente reunir raças, cores, emoções e festas mil.
Fortaleza é uma poesia viva embalada pela mesma brisa que leva as jangadas mar adentro, pelo sorrateiro vento que sopra longe os chapéus ou que faz dançar as ramas dos coqueirais.
Por aqui a vida palpita de um jeito todo próprio e eu sou suspeito para falar desta terra minha, sua, nossa, de todos enfim; até porque, mesmo quem de tão longe vem aqui se encanta, aprende o canto, se esbalda com os sabores e vislumbra nas noites, uma lua tão diferente que divide seu reflexo com as noites que embalam a cidade, que fervilham nos gestos, nas danças ou nas conversas madrugada adentro nos barzinhos onde amigos colocam os assuntos em dia com porções de tudo um pouco e claro; a cervejinha gelada de cada dia.
Fortaleza como o nome diz é a cidade “forte”, a capital brasileira mais próxima da Europa, distante 5.600 quilômetros da não menos exótica Lisboa, daquela Portugal que aqui tem seus traços também.
Religiosidade, força, fé e tom de pele marcante. Assim é esta Fortaleza que encanta e que me faz olhar para trás, nos tempos de menino onde a guloseima era a polpa do coco e o refrigerante sua incomparável água.
Como um antigo chavão de humorista, eu me permito aqui copiar para dizer a vocês:
- Meninos! Eu vi!
Eu vi esta Fortaleza crescer como massa de pão caseiro que a gente cobiçava na espreita, daquela fome pequena que grande ficava. E a gente ria e brincava e feliz a gente era quase sem nada. Havia a rede, o sol, o mar, o peixe e o coco. Que mais de menino de então se poderia querer?
Ah! O tempo...
O tempo avançou, minha Terra de Luz seguiu brilhando, com mais gente, mais carros, mais prédios, muito mais festas enfim.
Para longe me fui, mas sempre com um dos pés por aqui. Não dá para ficar longe da raiz, até porque como um coqueiro gigante, é preciso sim ter raízes fortes, exuberantes, por onde, não sei bem o segredo disso, se extrai da terra a essência que sobe silenciosa e que se armazena no coco como a magia da água sagrada, de uma fonte subterrânea que palpita bem ali, ao lado da gente, dia após dia, ano após ano, vida após vida...
E a cidade avança... E as jangadas avançam... E os cardumes avançam...
O tempo avança e a gente também!
Menino ontem, homem hoje!
Senhoras e senhores de outrora na soleira das janelas, do bairro antigo, onde antigas canções preenchiam o começo da noite e onde a gente, entre folguedos mil nem percebia a cidade a crescer, o mundo a girar e a gente mesmo a se transformar.
Primeiros amores, primeiros beijos,primeiros problemas...
A vida é assim mesmo diria o poeta. Porque a cidade nunca será a mesma do tempo da gente. Mas quem chega hoje dirá o mesmo lá na frente e saberá por contos e causos de uma Fortaleza mais antiga, menor, mais pacata enfim...
E eu olho a imensidão da minha cidade de um lado, a imensidão do mar do outro e o horizonte que inspira curiosidade. A mesma curiosidade que me levou bem longe, mas que jamais me afastou das origens, que jamais apagou as fases aqui vividas na infância, as dificuldades, a luta pela sobrevivência...
Somos gente dessa terra.Dessa brava terra hospitaleira, famosa, acolhedora, linda, mágica, maravilhosa e ainda assim, senhora-menina de todos nós.
Senhora pelos 289 anos que completa agora, neste dia 13 de abril.
Menina porque se renova ano após ano, todos os dias!
Orgulho de aqui ter nascido, de aqui ter me perdido em folguedos e sonhos e de após ter partido, a emoção de regressar e de ser recebido com o encanto de sempre, nesses braços abertos da minha Fortaleza-poesia, tão viva, tão moça e tão maravilhosa como sempre foi e continua a ser, para a alegria do coração da gente. Terra de tanta gente famosa. Terra tão famosa por sua gente. Feliz cidade de todos nós. Parabéns minha terra amada por mais um ano acolhedor e que, apesar dos avanços do tempo, você possa seguir sendo esta cidade senhora-menina, despejando encantos em toda a gente daqui e em toda a gente que aqui vem para se encantar por toda a existência.
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