Quando menino os velhos do meu tempo ganhavam o rótulo já aos 45 ou 50 anos. Quando esta idade chegava, lembro muito bem, ouvia-se aquelas pessoas dizer que “a partir daqui, o que vier é lucro”.
Recordo que também havia
pessoas lá com seus 60, 70,80 e até algumas com 90 anos e muita gente com a língua
afiada dizia que “eles já haviam morrido e tinham esquecido de enterrá-los”.
Quanta maldade na visão
daquela gente de outrora que nos obrigava a respeitar os mais velhos sob todas
as formas. Mas a maioria não tinha o mesmo respeito. Era aquela coisa do “faça
o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Décadas dispararam em nossa
existência e os idosos passaram a ganhar rótulos a partir dos 60 ou 70 anos com
muitos por ai chegando ao centenário e com toda lucidez. Mas continuam sendo
assustadores fantasmas em meio ao circo dos horrores de uma sociedade cada vez
mais alucinada e hipócrita.
Olhando esses senhores do “poder
sujo e maquiavélico” fico pensando a respeito do que preenche seus cérebros e
seus corações, porque já estão também capengando pela idade que avança, mas
possuem a sordidez de fazer pouco caso àqueles que, cada um a seu modo,
depositou suas energias no trabalho, gerando riquezas, movimentando o comércio
e a indústria e é claro; pagando esse turbilhão de impostos aos quais somos vítimas
de uma espécie de escravismo que beneficia apenas aos que assumem seus cargos e
inventam para si os auxílios mais absurdos e caríssimos para que todos nós
paguemos e ainda os exaltemos como autoridades.
Velhos, idosos, portadores
da melhor idade, recebendo a maioria aposentadorias medíocres, com atendimento
médico precário e sem acesso a medicamentos. Enquanto isto o Estado,
representado hoje por uma classe de sanguessugas segue capengando em blá blá
blá sem que as soluções devidas possam ser convertidas em verdades e benefícios
à brava gente velha brasileira.
Nós, essa legião de
fantasmas, seguimos por ai, cada um arrastando suas correntes em meio a esse
majestoso castelo chamado Brasil onde se produz tanta comida e muitos padecem
de fome, onde temos grandes bacias hidrográficas e muitos padecem pela seca e
onde todos tem esperança de tempos melhores, mas esses tempos nunca chegam.
Campanhas vão e vêm, as promessas ridículas são as mesmas e os caras de pau
ocupam suas cadeiras já pensando em reeleição. E hoje, o mote de muitos cínicos
é “cuidar das pessoas”, “estar na linha de frente”, mas cá entre nós, quem
deles cuida de quem? Quem deles na guerra vai à linha de frente para levar o
primeiro tiro? Francamente, essa gente mesquinha nunca respeitou, não respeitam
e jamais vão respeitar os idosos da nossa terra. E a prova maior está em
evidência neste momento em que começam a mexer os pauzinhos para privatizar o
SUS(***) . O SUS é tudo o que ainda nos resta e, se privatizado for, tenha
certeza de que você ficará velho, sem assistência e morrerá à míngua em meio a
esta terra de ninguém. Agora; quando a velhice os acolher na imensa rede,
muitos vão mudar de religião, vão abraçar uma Bíblia com todas as forças
restantes na tentativa de reduzir a cobrança dos céus, da Divina Providência.
Mas daí, os portais do inferno estarão escancarados à sua espera...
(***) Lembrando que para
privatizar o SUS será preciso mexer na Constituição Federal. É por isto que já
andam falando em nova Constituinte.
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