Houve um período da minha vida em que me dediquei muito ao colecionismo de cartões-postais. Eram tempos em que a gente nem sonhava com a Internet e assim, as trocas eram feitas através de correspondências. Muitos dos colecionadores interessados no mesmo assunto a gente encontrava nas seções de cartas de algumas revistas, onde a maioria das pessoas estava mesmo a fim é de encontrar uma possível alma gêmea. Mas algumas se aproveitavam do expediente para encontrar outros cartofilistas e assim, ampliar seus acervos.
Os anos passaram e os compromissos acabaram me forçando a deixar de lado os postais, embora boa parte do meu acervo esteja bem guardado na espera de uma chance para reorganizar tudo. A vontade de reunir cartões foi herdada de meu pai, que detinha uma pequena coleção que eu preservo com muito carinho. De tempos em tempos, surgem algumas pessoas interessadas em fazer trocas e quando posso, participo desse salutar intercâmbio. Acredito que foi através dos postais que consegui adquirir bom conhecimento a respeito de inusitados lugares mundo afora.
O cartão-postal tem um poder mágico de nos proporcionar uma longa viagem sem sair de onde estamos. Para tanto, basta que a gente se deixe levar pela imaginação observando uma cidade, uma paisagem ou um simples logradouro distante.Já era tempo de escrever algo sobre o tema e algumas cobranças feitas por amigos, através de cartas ou de e-mails acabaram me levando a refletir uma vez mais a respeito dessa arte tão fantástica quanto a filatelia.
Não vou hoje falar especificamente sobre a cartofilia, até porque o assunto é amplamente abordado em diversos portais da Internet. Vou falar sobre um lugar inusitado e distante de nós: Lesoto.
Por que Lesoto? – Porque tudo começou em função de um cartão-postal que nos mostra moradias daquele país que por alguma razão me chamaram a atenção.
O cartão pertence a um colecionador que não consegui descobrir o nome, mas que mantém um interessante blog no seguinte endereço: http://kuala06skylab.blogspot.com/?expref=next-blog
A partir da minha visita ao espaço e de ter deparado com o curioso cartão, decidi empreender uma pequena viagem àquele país que é o único no mundo situado em toda sua extensão acima dos 1.000 metros. No inverno, a paisagem é inigualável, com os telhados cobertos de neve e as cascatas congeladas. No verão, os estradões de terra levam as pessoas para dentro de um país que proporciona interessantes rotas turísticas.
Lesoto, oficialmente Reino de Lesoto, antiga Basutolândia é um país pequeno encravado na África do Sul. Completamente montanhoso e sem saída para o mar, é um dos países africanos etnicamente mais homogêneos, com 99% de sua população da etnia basoto. A agricultura e a criação de ovelhas são a base de sua economia e o país é bastante dependente da África do Sul.
O que me chamou mais atenção no cartão é a imagem das moradias, geralmente encontradas em aldeias e com um formato que bem lembra as mais antigas palhoças tribais. Chamadas de “cubatas”, essas moradias lembram muito também o mokorotlo, o chapéu tradicional de Basotho que encontra-se inclusive na bandeira do país.UM MUNDO À PARTE
Em razão de sua posição geográfica, Lesoto nos passa a impressão de ser um paraíso em meio a sua cadeia de montanhas. Mas a realidade por lá é muito diferente e a intervenção da África do Sul é por demais importante para sua gente tanto no aspecto econômico quanto pelo aspecto da necessidade de se preservar principalmente a sua cultura e as ricas fontes de água que alimentam rios como o Eastern Free State e o Kwazulu-Natal.
O turismo aos poucos vai adentrando pelo país, mesmo com o seu clima sempre incerto, que muitas vezes se apresenta um tanto quente durante o dia e bastante frio à noite.
Apesar da timidez do turismo, o que se observa na beira das estradas não são lojinhas ou pessoas vendendo bugigangas. Não se vê nada disso a não ser pessoas curiosas, sorridentes, que acenam espontaneamente para aqueles que visitam o seu mundo ainda sossegado, mesmo diante de tantos problemas. O drama é que aos poucos, o turismo pode gerar problemas que o pequeno país ainda desconhece e por ora, Lesoto segue sendo realmente um mundo à parte.
Para visitar o país, a melhor época vai de julho a agosto e você poderá encontrar ótima acomodação em alojamentos confortáveis como o Lesoto Sun Hotel, que tem até piscina.
Alguns dos principais pontos de atração do país são o Butha-Buthe, sitio arqueológico onde é possível se observar os rastros deixados pelos dinossauros; o Thaba-Bosiu, que é uma fortaleza montanhosa com vários indícios da pré-história; Teyateyaneng, localidade famosa pelos seus belíssimos artesanatos e produtos tribais; as cascatas de Maletsunyane, com 200 metros de altitude além de outros locais interessantes naquela terra onde sua gente sempre tem, e de sobra, um grande sorriso no rosto.
Nota: Se você coleciona selos postais ou tem curiosidade sobre o universo da filatelia visite nosso blog dedicado ao assunto em: www.jornaldocolecionador.blogspot.com
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