terça-feira, 8 de novembro de 2011

O FATO DA FOTO

Os amantes da fotografia estão espalhados por todas as partes e deste contingente incontável de admiradores iremos extrair aqueles que são capazes das proezas mais arriscadas para dar um clique e propiciar aos outros olhares uma cena única.
Depois que Joseph Nicéphore Niépce, apresentou ao mundo a primeira fotografia e em seguida foram surgindo as câmeras fotográficas, o mundo jamais poderia ter sido o mesmo e ao longo dos anos, o avanço tecnológico tem proporcionado cada vez mais, resultados esplêndidos através de câmeras avançadas, com recursos tão fantásticos quanto muitas das imagens captadas por suas lentes.
Hoje, quando decidimos adquirir uma câmera, damos início a uma novela quase interminável, já que são centenas de modelos e marcas, cada uma oferecendo os recursos mais atrativos. Independente da escolha de uma boa câmera é sempre bom lembrar que o resultado de uma boa foto se dá ao talento do fotógrafo e não raro, alguns deles conseguem, ainda que com máquinas rudimentares, captar uma cena realmente fantástica.
O tema é interessante e nos proporcionaria páginas e mais páginas de referências e discussões. Como não é este o caso, vamos hoje abrir um parêntesis para a fotografia feita por pessoas que encaram desafios e perigos para nos encher os olhos.

PRIMEIRO DESAFIO – PREDADORES AQUÁTICOS
Ele se chama David Doubilet e não hesita em se aproximar de predadores como um gigantesco crocodilo americano de quase 4 metros para fazer uma foto. David vive mergulhando pelos quatro cantos em busca de uma foto única encarando arraias, medusas, águas-vivas, peixes gigantes e tubarões. Aos 64 anos, David diz que quer oferecer aos seus espectadores um pouco da beleza e estranhezas do mundo submarino. Muitas de suas fotos ousadas já foram parar na revista Geográfica Universal e lhe renderam muitos prêmios. Para eternizar muitos dos seus feitos, David já editou 7 livros sobre a vida aquática.
Foto: David Doubilet/ Nat Geo Stock /Caters /BBC Brasil

SEGUNDO DESAFIO – OS PELICANOS
Na premiada foto do espanhol Daniel Beltrá, eu diria que o desafio maior foi ter que registrar esta cena que volta e meia se repete graças à ganância e o descuido do próprio homem em acidentes que comprometem muito o meio ambiente.
Os pelicanos cobertos de óleo e registrados por Daniel permitiram que sua foto fosse a vencedora do prestigiado concurso internacional de fotografias de vida selvagem, Veolia Environnement Wildlife Photographer of the Year 2011. A foto foi feita após o vazamento de petróleo no Golfo do México em 2010 e a partir de agora estará unida a outras 100 fotos selecionadas pelo concurso numa exposição no Museu de História Natural de Londres até março de 2012.

TERCEIRO DESAFIO – TUBARÕES GIGANTES
É muito comum o homem denominar animais de assassinos. Os tubarões, por exemplo, são as maiores vítimas desse rótulo seguidos pelas baleias orcas. É um pouco difícil aceitar que estes e demais animais apenas exercem seus instintos naturais dentro do interessante processo da natureza. Mas nem sempre tais animais são assim tão violentos como nós os pintamos. Em muitas ocasiões é possível ter contato com eles sem a menor chance de perigo e graças a isto e a fotógrafos corajosos também, é que podemos vislumbrar cenas fantásticas como a que nos proporciona a fotógrafa sul-africana Fiona Ayerst, de 45 anos que já percorreu a Bahamas e grande parte da costa africana só para fazer interessantes registros.
Na foto que você observa, Fiona fez um clique no momento exato em que sua amiga se aproximava de um tubarão-baleia, um dos maiores peixes do mundo. Fiona afirma que os humanos são muito mais perigosos para os tubarões do que o contrário, já que anualmente milhões de tubarões são mortos pelo homem, enquanto a média de mortes humanas causadas por tubarão não chega a 10 por ano.
Foto: BarcroftMedia/Getty Images

QUARTO DESAFIO – ESTRANHA RARIDADE
Por aqui nós sabemos da existência do cuco somente pelos famosos relógios que ganharam este nome. Mas pela Europa os cucos são comuns e eu diria, tão sacanas quanto os nossos chupins por aqui. Qualquer semelhança não será mera coincidência, já que tanto o chupim quanto o cuco, dão um jeitinho para que alguém choque seus ovinhos. O chupim se aproveita da ingenuidade do pardal e o cuco se aproveita do rouxinol.
A natureza é surpreendente mesmo e só quem ama as aves, tem uma paciência de Jó e uma boa câmera é que poderia fazer um registro tão singular. Captar o instante em que um cuco acabara de roubar um ovo do ninho de um rouxinol. A rara imagem foi vencedora de um concurso europeu de fotos destinado à vida selvagem e, ao mesmo tempo, um reconhecimento ao fotógrafo Oldïch Mikulica, da República Tcheca. Fascinando pelas aves, ao longo de 25 anos, durante a época de procriação, ele vai até os lagos para observar os cucos e rouxinóis e foi assim que conseguiu este flagrante que pode ser considerado único dada a paciência e dificuldade para fazê-lo. O cuco remove um ovo do ninho do rouxinol e coloca um dos seus no lugar, já que ambos são quase idênticos. A fotografia derrotou quase 14 mil imagens feitas por concorrentes de 39 países. Como se observa, não basta uma boa câmera e muita vontade. É preciso ter também, em alguns casos, muita paciência para dar o clique no momento exato e único, com toda certeza.

QUINTO DESAFIO – NA TOCA DO TATU
Você já ouviu falar, pode ter visto e até saboreado a carne de tatu. Mas e o tatu gigante do Pantanal, você já viu algum?
Pois então; trata-se de um animal meticuloso em seus hábitos e por isto, raramente são vistos, apesar de estarem espalhados por toda a América do Sul. Para estudar o animal, cientistas britânicos preparam uma verdadeira parafernália para registrar o tatu gigante. Para a empreitada, usaram câmeras do zoológico de Chester colocadas estrategicamente na região de Nhecolândia onde conseguiram captar a imagem do tatu saindo de sua toca. Mas não foi nada fácil – tiveram que suportar 10 semanas para obter o sucesso. Agora, as imagens vão oferecer informações importantes a respeito da situação das populações de tatus gigantes no Brasil.
Para Arnaud Desbiez, um dos envolvidos no projeto, o tatu gigante pode ser considerado um “fóssil vivo” e ele se diz ansioso para usar os resultados desse trabalho para mostrar aos brasileiros e ao mundo esta espécie desconhecida que ele considera ser um símbolo da biodiversidade da região.
Foto: GDT EWPY 2011/BBC Brasil

Nenhum comentário: