segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PALAVRAS NA SALA DE ESPERA

Acredito que um dos maiores males que nos aflige nestes tempos modernos seja, por incrível que possa parecer, a falta de tempo. Tenho plena convicção de que a maioria das pessoas irá concordar de bate pronto, porém não é bem por esse caminho que devemos justificar esta espécie de “doença maligna”. A verdade maior é que nós não estamos sabendo aproveitar o tempo que temos dentro das 24 horas de cada dia. Há uma febre contagiante que nos empurra ao consumismo, principalmente quando ele se atrela às datas especiais, como o Natal, a Páscoa que está chegando, o Dia das Mães que virá logo depois e assim por diante. Sem contar as facilidades todas que o comércio oferece a seus clientes em todos os segmentos. E lá vamos nós metendo a cara sem medo e, “aconteça o que acontecer, a gente sempre dá um jeitinho”. Isso tudo nos leva a trabalhar mais, a ter dois empregos, a fazer, além deles, alguns bicos e assim por diante. O dia evidentemente fica mais curto considerando que deixamos de lado o lazer, o convívio maior com a família e até cuidados especiais para com a gente mesmo fica numa gaveta qualquer. Em suma: só procuramos o médico e o dentista quando a dor nos pega sorrateiramente. Falando em médico e dentista, também tenho a impressão de que é justamente nestas salas de espera que nós, por obrigação, encontramos um tempinho para ler uma revista, nem que seja antiga. Nela, deparamos com surpresas diversas. O ator que faleceu, o crime que foi solucionado, as frases cuspidas por políticos e gente famosa entre outras coisas que a televisão vive mostrando, no entanto, a gente também assiste cada vez menos afinal, depois de uma jornada diária estafante, tudo o que o corpo e a mente necessitam é de um bom sono. E olha que estamos dormindo cada vez menos e isso já se tornou uma grande preocupação por parte dos médicos. Enfim; a sala de espera é, muitas vezes, o lugar ideal para que a gente se encontre com a gente mesmo, independente da dor que apavora. É na sala de espera que aguardamos ansiosos e com pressa o atendimento do profissional mas é nela também que muitas vezes nos lembramos que somos simplesmente humanos e que sentimos dor e cansaço. Muitas vezes nossos problemas de saúde nada mais são do que a falta de sono, o estresse, a falta de uma atividade física e até mesmo, de uma conversa com a gente mesmo, uma auto-análise a respeito de nossas atitudes, a respeito do nosso “querer“ desenfreado que nos leva a “perder” a verdadeira essência do viver. Estou aqui hoje perante vocês depois de um longo período sem escrever absolutamente nada no blog. Falta de tempo? Um pouco talvez – mas devo admitir que seja na verdade, pura e simplesmente, o cansaço. Passo a maior parte do dia escrevendo em minhas atividades profissionais e quando chega à noite, a cabeça não funciona direito para compor aqui as idéias que ao longo dia foram chegando e ficando numa fila imensa. São as palavras agora que padecem na sala de espera e eu, tenho que me render à cama porque o corpo chia de um lado e o cérebro do outro. Além disso, a idade avança e a energia que a gente pode dispor vai toda para o trabalho, até porque o mês dispara, as contas vão chegando e a gente precisa honrar cada compromisso para não ter que pagar ainda mais caro. Cenas engraçadas e curiosas tenho presenciado ao longo desses dias sem escrever e até vivi recentemente um acidente inusitado, de onde graças a Deus sai ileso e aqui estou caminhando em minha jornada no cumprimento da minha missão. Não nos falta tempo! Porque o dia tem suas 24 horas de onde devemos tirar 8 delas para tentar sonhar e as 16 restantes, dividir entre o trabalho, a família e o lazer, ainda que seja, no meu caso, escrever alguma coisa para atender àqueles que aqui visitam com a esperança de encontrar novidades. Peço-lhes perdão pela falha, mas como sou humano, como sinto dor e cansaço e como tenho muito trabalho, fica muitas vezes complicado brigar com a cabeça e o corpo. Mas vou tentar, dentro das possibilidades, trazer novidades, e podem apostar que tenho algo muito especial para contar, que envolve uma árvore cuja semente foi trazida por um pássaro e agora, frondosa, ela surpreende no fundo do meu quintal. Não vou para nenhuma sala de espera e podem apostar que vou escancarar a porta para que estas palavras, cansadas de tanto esperar possam unir-se em frases e nos proporcionar uma boa e divertida leitura. (P.B.J)

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