sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SE MINHAS ORELHAS SOUBESSEM...


Quando menino, em sala de aula, não cheguei a ser um capetinha, mas é claro que fui um tanto danado.
Puxões de orelha da professora levei tantos que sinceramente, minhas orelhas poderiam ter ficado do tamanho das orelhas daquele elefentinho famoso da Disney, o Dumbo.
Isso sem contar com uma professora que tive que jogava o giz em direção da gente e algumas vezes vinha de quebra até o apagador. Um exagero?
Depende do ponto de vista de cada um. Acredito que para a época, aquilo era pouco e o suficiente para que a professora pudesse seguir com sua aula e assim, levar aquele bando de capetas para a outra série e os transformar no futuro em homens e mulheres dignos.
Também naquele tempo ler gibi era pecado mortal, um crime que afrontava o ensino. O problema era que as editoras seguiam publicando seus gibis e nós, íamos lendo de tudo um pouco. Na falta de dinheiro para comprar, trocávamos uns com os outros e foi assim que minha gibeteca particular beirou a casa dos 100 exemplares. Um recorde para aqueles dias.
Revista de mulher pelada não existia. Algumas apresentavam mulheres de biquíni posando sobre motocicletas possantes e aquilo já dava o maior tesão e a imaginação viajava pelas curvas daqueles mulherões que evidentemente não eram para o bico da gente, considerando também que o pintinho nem tinha penugens ainda.
Vejam como as coisas mudaram!
Hoje, os educadores tentam a todo custo incentivar os estudantes e ler gibis, porque descobriram que através da leitura dos quadrinhos os alunos assimilam mais a língua e adquirem o salutar hábito da leitura. Ah! Antes que eu esqueça: um dia levei uma surra de minha mãe porque li inteirinho o livro “O Poder do Pensamento Positivo” de Normam Vincent Peale. Mas é que eu tinha somente 10 anos de idade e não podia ler aquilo de maneira alguma. O pior é que não lembro de nada do que li, apenas que tentei ao longo da vida sempre manter o pensamento positivo para viver bem. Não é que dá certo?
 Seguindo neste trem bão, como diria um amigo mineiro, o fato é que os gibis de hoje já não são tão atrativos como os de antigamente, as revistas mostram tudo e mais um pouco e algumas mulheres exibem praticamente o útero, tirando a graça que só a imaginação é capaz de criar. Quer mais? Puxar a orelha de um aluno é crime, gera indenização por danos morais e se uma professora cair na asneira de atirar o giz ou o apagador com certeza pega uns 15 anos de cadeia.
É pura verdade, porque lá no Rio de Janeiro dias atrás, uma professora da rede estadual de ensino foi condenada a pagar 5 mil reais por danos morais a um aluno que levou um puxão de orelha na sala de aula. A mãe do menino afirmou que a professora além de puxar o garoto pela orelha o levou arrastado até o lugar onde achou ser o conveniente para que ele se sentasse, afirmando perante a classe que aquilo deveria servir como exemplo.
Eu aplaudo a professora! Nobre professora, com um salário medíocre, encarando os filhos alheios com a missão de ensinar, não de educar, porque educação quem tem que dar são os pais e a família no geral.
Triste saber que um juiz aplicou tamanha indenização por achar que a atitude da professora foi excessiva e vexatória para uma criança em formação educacional.
Vou incluir o menino em minhas orações pedindo a Deus que não permita que lá na frente ele decida fazer o que desejar, já que a lei o defenderá de outras situações como a narrada. E fico feliz e agradecido às professoras que tive e que me puxaram a orelha por eu ser quem eu sou hoje: um cidadão comum e honrado. Posso andar com a cabeça erguida, feliz, porque um dia, ainda que proibido na escola, pude ler meus gibis, pude com eles aprender minha língua, viver o imaginário, aprender sobre o real que nos cerca e, ainda que com a orelha doendo, tive a graça de que alguém pudesse me ensinar com dedicação, paciência e muito amor.
E para encerrar confesso: se de cada puxão de orelha que levei tivessem me indenizado com 5 mil, acreditem; eu poderia hoje comprar uma bela casa, um carro de luxo e ainda sobraria uma grana para viajar.

3 comentários:

INAMAR disse...

Não levei puxões de orelhas dos professores porque nossa mãae dizia;
"Se eu passar vergonha com sua professora por falta de educação na sala de aula,conversaremos ! Em nosso tempo eramos amados ao ponto de nos darem limites ,também íamos à missa " dizer bom dia para Jesus "!Suas orelhas sabem porque ouviram as orientações.Aqui está você saudoso ,mais da época do que dos puxões de orelhas .Quanto à criatura -a do apagador-tem levado tanto da vida que com certeza já diminuiu a dívida com Deus.

BLOGZOOM disse...

Olá rapaz travesso!

Eu tive uns 02 amigos de turma que eram bem danados, sendo que um deles vivia de suspensão.

Hoje, quer saber, voce e todos os nossos amigos eram ANJOS comparados às crianças e adolescentes de hoje.
Eu jamais ouvi um amiguinho meu falar palavroes. Era só peraltice pura, nada mais.

Obs.: adoro o Dumbo...

BEIJOS

Anônimo disse...

Oie,

Nunca levei puxão de orelha na escola pois eu era muito comportada e estudiosa. Hoje sou professora de Língua Portuguesa e gostaria que meus alunos fossem como eu fui... Utopia? Quem sabe? Abraço