quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PORQUE UMA MÃE SEMPRE DEFENDE SEUS FILHOS!

“Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrirmos o jornal pela manhã teu nome

(em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões,

mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado, sobre nossas cabeças,

nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada e ao coração que duvida”.
(Carlos Drummond de Andrade, em sua Carta a Stalingrado)


PORQUE UMA MÃE SEMPRE
DEFENDE SEUS FILHOS!


Ah! O azul celeste que nos encobre enquanto escrevemos a história.
Foram tantos céus azuis pincelados pelas mãos do passado e hoje, apesar de tudo, este mesmo azul resplandece em todas as partes sem que a maioria ao menos perceba.
Mas também foram tantos os céus acinzentados de outrora, longe de dias chuvosos, mais longe ainda das tempestades, seus raios e trovões.
As chuvas eram quentes, violentas pelos projéteis assassinos, cuspidos pelas armas poderosas manejadas pelas mãos de tiranos e de heróis.
De seus tanques os raios e trovões destruidores, aniquilando com casarios, vilarejos, estradas, caminhos que antes eram só tranqüilidade e pincelando com sangue todas as telas da imaginação de um mundo de paz, de um paraíso tão sonhado e agora, dominado pelo inferno da dor e do ódio.

Foram tantos anos de céu cinza, de desesperanças, de vidas e sonhos dizimados pelas forças do mal que deixaram seus rastros destruidores por toda parte.
Mas do outro lado, as forças em nome do bem se fizeram firmes e enfrentaram o inimigo com a determinação de que só assim seria possível reconquistar todo o azul celeste quase enegrecido.
As chuvas que vieram depois da vitória lavaram a terra, se misturaram com lágrimas e fizeram brotar um novo tempo não sem deixar à vista os escombros.
Foi a partir de então que se reconstruíram os vilarejos, os casarios, as estradas, as esperanças e a possibilidade da paz, sempre tão ao alcance, mas subornada pelos sedentos de um poder que não se explica.
Foram quase 200 dias da que se considera a mais sangrenta e brutal batalha durante a Segunda Guerra Mundial, quando o sexto exército alemão e seus aliados tentaram a posse da cidade de Stalingrado, às margens do Rio Volga, na antiga União Soviética. Durante esse período, segundo registros, foram quase dois milhões de soldados e civis que morreram ou ficaram gravemente feridos. A batalha de Stalingrado teve fim no dia 2 de fevereiro de 1943 e foi decisiva para que, no dia 8 de maio de 1945 finalmente chegasse ao fim um dos maiores pesadelos que a humanidade já viveu.
Aos poucos os céus voltaram a ganhar o azulado e as nuvens voltaram sorrateiras a formar desenhos curiosos e assim, o tempo seguiu avançando e os homens seguiram escrevendo o resto da história. A cidade de Stalingrado, pelo heroísmo de seus defensores recebeu o titulo de “Cidade-Herói”, em 1945 e depois da guerra, já no inicio dos anos 50, um colossal monumento chamado “Mãe Pátria”, foi erguido na colina de Mamayev Kurgan. A enorme estátua faz parte de um complexo memorial que inclui paredes e construções arruinadas, conservadas no estado em que se encontravam após a batalha. Ainda hoje, turistas encontram lascas de ossos e pedaços de material enferrujado no terreno da colina, símbolos do sofrimento humano dos dois lados e da bem sucedida e custosa resistência soviética ao ataque nazista.
A Mãe Pátria segue lá, imponente e gigantesca, preenchendo parte daquele azul celeste e resguardando a triste lembrança de dias sombrios, que apesar desses 65 anos já decorridos, não podem ser esquecidos jamais. (P.B.J)

NOTA- Até 1925, Stalingrado chamava-se Tsaritsyn e desde 1961 passou a se chamar Volgogrado.

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