terça-feira, 19 de maio de 2009

SEMENTES QUE VEM DO MAR


Com toda certeza, as pegadas que você deixou na praia no último verão já se apagaram. Mas também é certo de que as recentes lembranças ainda fervilham em sua mente e que bom seria se agora você pudesse novamente desfrutar daqueles momentos maravilhosos junto ao mar. A cabeça descansada, as preocupações lá longe e você usufruindo daquelas maravilhas que só a natureza pode oferecer.
Quando falei em passos, lembrei que por inúmeras ocasiões já fiz grandes caminhadas pela praia, observando o vai e vêm das ondas, os rasantes das gaivotas, as canoas dos pescadores brigando com as ondas maiores, a brisa serpenteando a areia e não raro; algumas conchas trazidas pela maré.
Mas a maré traz consigo outras coisas, incluindo a lixarada que todos deixam à disposição do mar, como se ele fosse um grande reciclador dessas maravilhosas e incômodas invenções de nós mesmos.

Pois bem; entre tudo o que o mar devolve à praia, numa luta infinita para se manter limpo, podemos encontrar diversos tipos de sementes, que nem fazemos idéia de que espécie nativa elas são e muito menos de onde vieram. Sabemos em princípio que estas sementes viajaram centenas de quilômetros pelo leito dos rios e depois vieram parar na areia para aguçar a curiosidade de poucos.
Talvez você já tenha visto ou apanhado algumas sementes interessantes e arredondadas que se friccionadas numa superfície lisa podem inclusive provocar queimaduras leves.
Elas são facilmente encontradas nas nossas praias, mas a maioria das pessoas não sabe nada sobre elas e sua importância.
Muitas delas vieram parar em minha estante junto com algumas conchas e foram necessários vários anos até que repentinamente acabei fazendo descobertas sobre essas interessantes sementes, denominadas popularmente de "co-oronha",“queima-queima”, “olho de boi”,”pó-de-mico” e “feijão do mar”. Cientificamente, pelos lados da botânica, elas são denominadas de Mucuna Urens e existem várias espécies espalhadas pelo mundo e com sementes distintas, usadas medicinalmente como tonificante alimentar ou na culinária para dar um toque de sabor ao feijão.

Mas o seu uso é feito em pó, em quantidades muito pequenas. Não se aconselha seu uso sem que se esteja devidamente orientado por quem conhece tudo a seu respeito. Estas sementes vistosas são mais utilizadas mundo afora nas produções de artesanato porque oferecem inúmeras possibilidades de utilização.
O interessante mesmo é a planta, um vigoroso cipó enrolador e de crescimento rápido que proporciona lindas flores, geralmente em tons arroxeados ou violetas. Os frutos são vagens aveludadas de coloração marrom quando maduros. Nestas vagens pode-se encontrar de 2 a 5 sementes na coloração marrom caramelado. Não se deve tocar nas vagens porque os pelos nela encontrados são urticantes.
Este gênero Mucuna compreende cerca de 100 espécies que ocorrem em regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo em geral encontradas em beira de rios ou em matas úmidas.
É por este motivo que muitas sementes quando maduras se desprendem das vagens e caem no rio, sendo levadas pela correnteza até chegar ao oceano e de lá atingirem as praias.
Iremos encontrar muitas referências sobre esta interessante semente, mas a maioria dessas informações é muito técnica, até porque a ciência vem estudando suas propriedades e já há quem diga que o pó da Mucuna é um ótimo remédio para evitar acidentes vasculares ou recuperar quem já o sofreu bem como sua eficaz utilização para tratar a doença de Parkinson ou ainda, para resolver problemas de disfunção erétil. Claro que são especulações e ninguém deve fazer uso da semente sem ter pleno conhecimento a respeito. O melhor é procurar pessoas que saibam muito bem como lidar com esta relíquia da natureza.
Agora, quando você for caminhar pela praia e deparar com uma ou várias dessas sementes, já saberá que se trata de uma esplêndida semente de um cipó que proporciona aos olhos de quem tem a oportunidade, observar uma das mais belas flores tropicais.

5 comentários:

SAPOLÂNDIA ARTESANATOS disse...

Meu nome é Reinaldo sou artesão e moro em Mongaguá Litoral Sul de São Paulo, gostei da matéria sobre a sementes que vem do mar. Eu e minha esposa usamos muito a Mucuna em nossos artesanatos um abraço de Sapolândia Artesanatos

Final Games disse...

Oi, eu moro em Alvorada no Rio Grande do Sul. Na frente da minha casa tem uma mata enorme, e lá é minado dessas sementes. Eu já entrei lá e peguei mais ou menos umas 70 delas. Queria saber qual o nome da vagem delas?

Pedro Brasil Jr disse...

Caro Final Games:

Olha, eu sinceramente não sei qual a denominação das vagens do Mucunã e além disso, existem diversas espécies desta família de planta em várias regiões tropicais. Este quesito está mais para algum botânico. Talvez na própria Internet, via Google, você possa encontrar esta referência, já que existem muitos artigos relacionados ao Mucunã. Eu particularmente, fiz apenas um artigo para falar sobre essas sementes que acabam nas areias das praias.
Agradeço pela sua visita e interesse no tema.
Grande abraço e desejo a você e família Um Natal de Luz e Paz e um 2012 repleto de grandes realizações.

Anônimo disse...

Estou em busca da semente desta Mucuna. Precisamos da planta que serve de alimento para uma espécie de borboleta muito conhecida no sul do Brasil como capitão do mato. Ela é grande e azul por dentro. Temos um Borboletário aqui em Foz do Iguaçu e estamos com o objetivo de criar, reproduzir e soltar na Natureza, já que esta espécie já esta começando a entrar em perigo de extinção.
A Mucuna serve de alimento e é uma planta que cresce relativamente rápido. Caso alguém conheça a planta e tenha acesso a semente, por favor nos contate (wilsonpni@gmail.com), nós enviamos o valor do frete e se caso queira vender as sementes, nos as compramos também. O importante é termos as sementes.
Obrigado,
Wilson

wilson disse...

No Parque Nacional do Iguaçu é uma planta muito atrativa para os macacos prego, pois os mesmos costumam coletar vespas que se alojam nas sementes das Mucunas.