terça-feira, 21 de junho de 2011

ESCULPINDO NAS PÁGINAS AMARELAS

Apesar de toda a modernidade que nos cerca ainda recebemos, pelo menos uma vez ao ano, as famosas listas telefônicas.
Outrora estes catálogos eram a nossa maior salvação em diversos momentos do cotidiano, fosse para encontrar um encanador ou eletricista ou para encontrar o numero do telefone de algum conhecido entre outras atribuições.
Recordo ter trabalho em locais onde as listas se avolumavam formando pilhas enormes e a maioria delas volta e meia ainda socorriam muita gente.Afora isto, eu sempre achava que os catálogos eram livrões incômodos até que um dia, por falta de algo para ler num pequeno hotel na cidade paranaense de Castro, descobri que a única opção era uma lista telefônica e foi então que deparei com uma série de informações importantes e curiosas que até hoje a maioria delas proporciona a quem tem a sorte ou curiosidade de dar uma fuçada.
Mas hoje, com o advento da Internet tudo é mais fácil e rápido e a gente fica pensando nos catálogos que ficam esquecidos na estante ou em algum armário.Nós ficamos pensando até que um dia damos um jeito para que o “livrão” tenha como destino a reciclagem. Mas tem gente cuja criatividade supera todas as expectativas e existe um artista que decidiu dar um brilho especial aos catálogos telefônicos utilizando suas páginas para compor magníficas esculturas.Mas antes, me permita dar uma de “contador de filme”, aquele sujeito que vive nas pequenas cidades do interior nordestino e que de repente consegue ir mais longe para assistir um filme e depois regressa para contar toda a epopéia a um público de fazer inveja.O meu curtinha metragem tem tudo a ver com a lista telefônica. Vamos a ele!
CENA 01 – GERAL DA RUA
Subindo pela rua lá vem o entregador de lista telefônica puxando um carrinho parecido com aqueles que se usam nas feiras livres.
CENA 02 – FECHA NO ENTREGADOR
O rapaz para em frente uma casa, dá uma respirada, bate palmas e lá vem uma senhora apanhar o seu catálogo.
CENA 03 – GERAL DA RUA
Ele segue com sua sublime missão. A zoeira toma conta da rua com um coral canino que só é superado quando o carteiro passa pela rua.
CENA 04 – FECHA NO ENTREGADOR
Agora o rapaz, com seu jaleco verde puxando o carrinho abarrotado de listas para defronte o portão da minha casa. Os meus cachorros o recebem sem nenhuma simpatia. Pulam nas grades do portão,avançam, mordem as grades. A zoeira volta a tomar conta da rua e o rapaz bate palmas insistentemente. Ninguém o atende. É óbvio que não tem ninguém em casa.
CENA 05- CLOSE NO ENTREGADOR
Suando e até certo ponto emputecido, o rapaz olha para um lado e depois para o outro. Apanha um exemplar da lista e sem fazer cerimônias o atira por sobre a grade do portão.
Os meus cães não aceitam aquela coisa estranha em seu território e dão para o catálogo o tratamento especial.
CENA 06 - BOCA DA NOITE
É raro, mas às vezes consigo chegar mais cedo em casa. Quando paro o carro em frente ao portão, a cena é chocante. Tem papel triturado por todo o quintal e os cães me recebem com o rabinho abanando, felizes pelo dever cumprido em defender a residência.
CENA 07 – FINAL
Eis-me junto aos cães em meio àquela papelada toda. Olhando friamente, fiquei emputecido pela sujeira. Mas observando por outro ângulo, me senti em meio a uma obra um tanto impressionista.
Ora; vivemos novos tempos, tecnologias de ponta, informações de todo tipo à disposição de todos na Internet e por incrível que pareça, muita gente ainda não conseguiu assimilar que existe algo mágico, que ajuda a impulsionar a vida com tranqüilidade e muitas facilidades: bom senso!
Me pergunto: por que o rapaz não deixou o catálogo num dos meus vizinhos? Podem apostar, foi pura sacanagem de alguém que, sem preconceito de minha parte, agindo dessa maneira, deixou claro que nasceu para ser apenas mais um entregador de lista telefônica. A ele o meu recado: companheiro; ta na hora de se mexer, porque as listas estão com os dias bem contados.
ALEX QUERAL E SUAS ESCULTURAS
NAS PÁGINAS AMARELAS

A arte e os artistas volta e meia nos surpreendem com novidades que surgem através de coisas inservíveis. Muita gente aproveita material destinado à reciclagem para criar uma série de outras coisas que a imaginação permite. Alex Queral é um desses artistas diferentes que de repente descobriu que os catálogos telefônicos podiam ter outra utilidade depois de usados. E foi assim que ele passou a esculpir rostos de gente famosa usando um afiado estilete e bastante acrílico para realizar suas obras. O que ele consegue fazer é a mesma coisa que recortar a pele de uma cebola e fazer surgir ali uma escultura. Nas páginas do catálogo ele, com muito talento faz surgir rostos famosos como os de Frank Sinatra, Mister Ben, Albert Einstein, Dalai Lama e muitos outros.
Depois que a escultura é concluída, Queral faz, muitas vezes, uma lavagem de preto para aumentar os recursos e depois, fecha o livro todo com acrílico preservando assim o trabalho sem jamais perder o registro da linha e o interessante: o livro continua a ser muito flexível.
Alex Queral é cubano, nascido em Havana no ano de 1958. A família migrou para o México e depois para a Flórida, quando ele era ainda menino. Sua história de vida tem passagens por grandes universidades americanas e seus trabalhos já lhe renderam muitos prêmios. Além disso, suas obras já foram expostas em diversos países, como o Canadá, a Inglaterra e o México.
Para saber mais e ver outros trabalhos, visite o portal:
http://www.projectsgallery.com/Queral.html



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