quarta-feira, 1 de junho de 2011

PROIBIDO MAU HUMOR NO TRÂNSITO


Estou aqui folheando uma revista e de repente descubro que ela é bem mais velha do que eu pudesse imaginar. Uma edição da primeira semana de abril e nós acabamos de encerrar o mês de maio e eis-nos já na metade do ano.Metade do ano quer dizer que o governo já arrecadou aquela soma fantástica que, diga-se de passagem, com uns dois por cento do total eu já poderia até me aposentar no melhor estilo de um político de carreira.Mas este chegar à metade do ano também me leva a pensar numa propaganda de venda de veículos que ouvi no rádio, onde o locutor dizia para que o ouvinte aproveitasse todas as vantagens já que a revenda precisava fechar sua cota do mês em trezentos veículos vendidos. Para atrair, eles prometiam IPVA grátis, ar condicionado grátis, primeira parcela grátis e de tanta gratuidade me deu vontade de ir lá pegar esses brindes e deixar o carro deles por lá mesmo. É quase como a estória do cara que chega num café e pergunta pro balconista:
-Quanto custa o cafezinho?
-Um real!
E o açúcar?
-É de graça!
Então me veja cinco quilos ai...
Vivemos num universo (ou seria cultura) do grátis. Todo mundo tem algo para nos ofertar totalmente grátis, embora o menos imbecil de nós saiba que está pagando mesmo.
Aqui na Terra Brasilis em se plantando tudo dá, já escrevera Pero Vaz Caminha naquele histórico primeiro documento do Brasil. E aqui mesmo, em se desejando levar vantagem, a massa acredita e avança com eufo
ria.Na televisão temos programas que prometem a quem participa pelo telefone mudar de vida ganhando alguns milhares de reais e sem contar naquelas propagandas em que prometem, por uma ligação ao custo de celular, prazeres inimagináveis com mulheres inimagináveis também. Pior; tem muito marmanjo que acredita e paga pra ver. Para estes, como diria meu amigo Nhô Benevides: É o fim da feira!
Agora, voltando aos veículos, me pego pensando naquele cumprimento de cota para o
mês de maio em 300 unidades. E isto só uma revenda ou concessionária.
Imagine se juntarmos todas. Vamos ter um volume de novos veículos pelas ruas que é deveras assustador. Mas já não temos ruas suficientes e muitas delas nem oferecem condições de se trafegar. Não temos estradas apropriadas e os congestionamentos, antes
uma causa apenas das cidades se estendeu às estradas principalmente nos feriadões, quando todo mundo decide ir para o mesmo lugar. Sorridentes ficam as concessionárias dos pedágios porque o din-din que recebem na ida será o mesmo da volta e os cofres devem estufar como hipopótamo esfomeado. Ruim também para os governos estaduais que compram mais cofres para receber o IPVA e o Licenciamento de muito mais veículos. Sem contar as carteiras de habilitação, exames no Detran, Centros de Instrução para Motoristas e etc e tal.
Nas ruas o caos começa a cada manhã! Todo mundo com pressa, o trânsito lento, um distraído bate na traseira do carro da frente, se arma o bafafá e tudo se entope de vez.
Gente buzinando, como se isto fizesse o trânsito fluir. Gente se xingando, gente cortando a frente dos outros, gente fazendo conversão proibida e assim as horas avançam e o caos segue praticamente o dia todo. No final da tarde tudo se repete e fica divertido, parecendo reprise do Chaves. Você já viu o episódio umas dez vezes e ri novamente. Este acredito eu é o grande segredo para quem está metido na balburdia. Você sabe que é assim e não adianta bufar.
Melhor é sair um pouquinho mais cedo pela manhã e um pouquinho mais tarde na boca da noite.
Vá com calma, ouça o rádio para se informar ou escute umas músicas para ajudar a acalmar. Você tem que colocar em sua cabeça que, se forçar a barra e bater, quem vai gostar é a oficina e a seguradora, já que você terá que meter a mão no bolso. Assim, não arrume mais uma prestação entre as tantas que você ter contraído.
Nas ruas, temos muitos
motoristas que já saem de casa com suas emoções completamente abaladas. Sim; os problemas existem em todas as partes e são enormes para todos nós.
Será mesmo?
Se pesados
forem, apenas em alguns casos podemos afirmar que o problema é de fato assustador.
No restante é apenas um péssimo hábito que
adquirimos ao longo do tempo: o de reclamar de tudo.Dormiu com a bunda descoberta? A mulher estava com dor de cabeça?
O filho tirou nota vermelha? Não tem dinheiro para saldar uma dívida?
Todo mundo passa por isto e o mundo não acaba. Não adianta então descarregar sua ira nos outros.Neste começo da metade final do ano eu acredito que cada um de nós possa, da melhor maneira possível, exercitar o bom senso, ser gentil e educado, entender que o mundo vive uma incrível explosão dem
ográfica e que cada vez mais, os problemas nas ruas tendem a aumentar.
Ainda mais se considerarmos que as cidades não foram planejadas no passado para suportar este assustador volume de automóveis nas ruas. Antigamente, nossos administradores se baseavam apenas na questão de que só podiam ter automóveis as classes mais abastadas. Olha no que deu. O Brasil começou a crescer, as pessoas passaram a ganhar mais, as oportunidades cresceram e praticamente todo cidadão que tenha uma renda compatível que permita pagar um financiamento de veiculo, sai da loja com ele.
Diante a isso tudo, não podemos reclamar e nem esbravejar com o outro afinal de contas, e tenho certeza disso, a maioria dos atuais motoristas enfiados nos engarrafamentos diários até pouco tempo eram simples usuários do transporte coletivo. Te pergunto: tinha rádio, vidro elétrico, conforto? Então repense tudo e exercite a paciência e o bom senso. Precisamos todos ter consciência de que somente nós é que podemos, juntos, ter atitudes que realmente permitam fazer um trânsito melhor e sem violência.

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