quarta-feira, 4 de abril de 2012

DOS CAFUNDÓ PARA VILLA MADRID

Cafundó é aquele lugar que antigamente mexia com a imaginação da gente quando ouvíamos os mais velhos usar a expressão “foi lá pros Cafundó do Judas”. O Judas aqui entrou de gaiato, até porque, acredite ou não, Cafundó ou Quilombo Cafundó é uma comunidade negra de cerca de oitenta habitantes situada no municipio de Salto Pirapora no Estado de São Paulo.
Diante ao exposto, tantos anos mais tarde, descobri que os Cafundó estavam mais próximos do que eu imaginava.
Ora pois; saindo dos Cafundó, aquele da minha imaginação, decidi ir conhecer a Vila Madri – esta sim, longe pacas! Tão longe que eu não sei dizer a vocês como é que se chega por lá. De trem, de carro, de barco, canoa ou de avião. Se for de avião terá de ser um daqueles teco-teco barulhentos que cruzavam os céus em nossos tempos de infância.
Ainda assim, consultando um velho mapa corcomido pelas traças encontrei finalmente a Vila Madri ou melhor “LA VILLA DE MADRID”, uma casa especializada naquilo que particularmente tenho uma atração especial: um bom vinho!
Claro; fica na Espanha, “milhas e milhas distante do meu amor” como diz na letra daquela canção da Blitz. Dá para ir de navio, mas demora pra cacete, além do enjôo da viagem e dos riscos de se pegar um comandante daqueles malucos e virar de bojo. Portanto; estou fora!
De canoa não me arrisco contra as fortes e imprevisíveis ondas do Atlântico. Melhor mesmo é ir de avião, mais rapidinho, com certo conforto dependendo da companhia aérea entre outros atributos como por exemplo, uma bela comissária espanhola, caliente, para avivar a lembrança de quando se era jovem e idiotamente apaixonado por qualquer rabo de saia. Como diria Nhô Benevides “ se tiver dois buracos e não for tijolo...” –Deixa prá lá, até porque tijolo hoje é com quatro ou seis buracos, quase uma mesa de bilhar.
Então decido ir para LA VILLA DE MADRID e a viagem promete emoções fortes naquelas terras de matadores de toros, vinho de primeira, mulheres provocantes e música que faz ferver o sangue. Espanha lá vou eu!.
Passaporte, visto, tudo certinho. Quando chego lá,neste meu sonho alucinante, não consigo colocar os pés para fora do aeroporto e me sinto logo de cara como aquele sujeito de O TERMINAL com o Tom Hanks. Fui sumariamente deportado, porque não tinha uma carta de referência e nem dinheiro suficiente para permanecer uns 10 dias. Em suma, se ficasse, de imediato iria virar mendigo. Regresso chateado para os Cafundó e ao chegar, o maior auê: imprensa, fotos, indignações de outros deportados e aquela lambança toda.
Para dar uma resposta à altura, os viajantes de lá que aqui começaram a chegar receberam os mesmo tratamento e muitos tiveram que pegar a bagagem e retornar.
A reciprocidade como palavra complicada para se falar entrou de sola nesta questão que a gente espera se resolva pela diplomacia com rapidez de jato porque o turismo, tanto de lá quanto daqui precisa de um empurrãozinho. Além disso, a boa gente espanhola, que não tem culpa e nem pode responder por seus mandatários e merecem o nosso carinho da mesma maneira que nossa gente o merece por lá. Impossivel restringir tanta gente, e acredito, somente casos muito suspeitos, com averiguações aprofundadas. Afora isto, sabemos que existem muitos brasileiros casados com espanholas e vice-versa e de uma convivência tão harmoniosa entre nossos povos.

Daqui dos Cafundó me detenho ouvindo um CD do Paco de Lucia e imagino lá em LA VILLA DE MADRID alguém sorrateiramente curtindo uma boa música brasileira.
Brasil-Espanha com facilidades de acesso. A gente sonha, a gente deseja isto o mais breve possível!

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